domingo, 12 de junho de 2011

Manhã de tensão em Quarteira faz subir clima de insegurança no Algarve

"O jovem de 18 anos que ontem se barricou num edifício da Avenida Sá Carneiro, em Quarteira, tinha como alvo principal a GNR. “Eu mato a polícia”, anunciou ao entrar no bar Cadillac, na altura em que este estabelecimento ia encerrar, pouco passava das sete da manhã. Na mão, exibia uma caçadeira de canos serranos.

Operação em Quarteira contou com reforços policiais de Lisboa

Pouco minutos depois, chegou uma patrulha da GNR, com dois elementos. Um dos militares, assim que abriu a porta da viatura, foi recebido com um tiro, que o atingiu de raspão na cabeça, sem gravidade. Foi levado para o hospital de Faro e acabou por ter alta. O clima de tensão subiu, durou horas e só terminou quando o agressor foi detido. A polícia precisou de reforços que foram deslocados de Lisboa para o Algarve.

Ainda no bar Cadillac, o jovem “mostrou-se revoltado contra a GNR”, contou ao PÚBLICO a empregada do bar. Um dos clientes meteu-se na casa de banho e o outro continuou a beber. Quando o autor do disparo saiu à rua para atirar sobre a GNR, a porta do bar foi fechada. O atirador começou então “a dar pontapés na porta” para ver se a reabria, mas acabou por adoptar outro plano. Aproveitando o facto de estar aberta a entrada principal do edifício Alfa, em cujo rés-do-chão se situa o bar, o jovem refugiou-se no interior do prédio. “Corria pelas escadas, para baixo e para cima, dando pontapés para lhe abrirem a porta”, disse ao PÚBLICO um dos moradores. “Estava muito transtornado, quase não se percebia o que dizia – só percebi que ele dizia que queria matar a GNR.”

A determinada altura, o foragido terá dito: “Quero ver o meu filho, a minha mãe”. E pediu um táxi, segundo o mesmo morador. A GNR já tinha, entretanto, reforçado a presença policial na zona envolvente ao bar.

Às 10h27, disparou novo tiro do interior do prédio. O aviso de intimidação aos moradores coincidiu com o avanço no terreno da Companhia de Operações Especiais (COE) da GNR, que saíra de Lisboa e se envolveu na operação de caça ao homem. Ricardo, um dos clientes do bar, relatou ao PÚBLICO que enquanto esteve no Cadillac, por duas ou três vezes, o jovem pôs a espingarda na boca, ameaçando disparar, mas tinha a patilha de segurança ligada. O agressor contou ainda que tinha sido detido pela GNR de Quarteira, sem explicar os motivos, que passou por um bairro social de Quarteira relacionado com a criminalidade e que comprou a caçadeira por 250 euros. “Foi com esta [arma] que o c… me deu um tiro, e é com ela que eu mato a GNR”, terá dito, enquanto exibia um penso colado às costas, em cima de um ferimento que sofrera três semanas antes, altura em que terá sio, ele próprio, vítima de um tiro disparado por um homem já identificado pelas autoridades e indiciado por estar ligado ao mundo do crime em Quarteira.

Depois de detido, o jovem foi observado no hospital de Faro, que lhe deu alta, tendo ficado detido na GNR de Quarteira. Será ouvido nesta segunda-feira no tribunal de Loulé.

Na sequência deste episódio e de outro incidente também neste fim-de-semana na Trafaria, a Associação Socioprofissional Independente da Guarda (ASPIG) reclamou ontem a libertação de mais militares para funções de policiamento, alertando para a “onda de violência” que os guardas têm enfrentado nos últimos dias. O dirigente da ASPIG José Alho disse à Lusa que “não há falta de efectivos” na GNR, mas que muitos “não estão em actividade operacional”.

Nas últimas semanas, o Algarve foi abalado por diversos casos criminais, um dos quais teve repercussão internacional, porque levou à morte de um turista inglês que foi espancado, em Albufeira. Nesta cidade, duas cidadãs irlandesas foram vítimas de furto por esticão. A percepção de insegurança no triângulo Quarteira-Vilamoura-Albufeira, tem vindo a aumentar, dizem também os autarcas, que têm pedido ao Governo reuniões para analisar a questão e, ao mesmo tempo, exigem um reforço do contingente policial, mesmo fora da época balnear." - Público

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