sábado, 11 de junho de 2011

Laranja algarvia a preço de saldo

"São conhecidas internacionalmente pela qualidade e pela sua principal característica: a doçura. E é com este argumento que os produtores de laranja do Algarve tentam combater o domínio espanhol do mercado.


As oscilações de preços têm afectado a estabilidade do negócio da laranja algarvia, onde a forte e organizada produção do país vizinho - o segundo maior produtor mundial, atrás do Brasil -, aliada à proximidade geográfica, têm sido os piores inimigos.
"Cheguei a vender laranjas a um euro o quilo mas agora só ronda os 20 cêntimos e, às vezes, até se vende a dez cêntimos. Isto apesar de os valores de produção terem aumentado cinco vezes", queixa-se Eduardo Coelho, produtor e proprietário de cinco terrenos na zona de Loulé.
Os laranjais dispersos no Algarve condicionam a produção organizada e elevam os custos de, por exemplo, a água da rega. Para cada terreno tem de haver um furo, que pode custar até dez mil euros. "Eu tenho cinco terrenos, são cinco contadores, cinco ejectores de adubo... Em Espanha há terrenos de 400 hectares a usar água das barragens, onde não gastam dinheiro a tratar a salinidade. Isso tudo baixa os valores de produção", explica.
Em 2009, Eduardo Coelho gastou 23 mil euros com os custos totais da produção e, apesar de ter tido um lucro de 30 mil, realça que não é sempre assim: "Num ano bom, vendo 350 toneladas, mas há anos em que o lucro não chega aos dez mil euros. É um mercado demasiado instável", explica.
E como é que se combate a produção espanhola em massa ? "Com a qualidade. A laranja do Algarve é a melhor laranja do Mundo. O microclima na região é único e acredito que se não fosse a qualidade tornava-se muito mais difícil a comercialização", defende o produtor, de 59 anos, que garante: "Apesar das dificuldades, a laranja do Algarve não vai deixar de existir".
PRODUTORES UNIDOS PARA VENDER
As organizações de produtores de laranjas do Algarve são intermediárias entre os produtores e as superfícies comerciais.
Segundo a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, na região existem nove organizações: Frusoal, Cacial, Frutarade, Fru-talgarve, Frutalgoz, Cooprobol, Farfruta, Tavifruta e Citripor, responsáveis por limpar, calibrar, higienizar, conservar (se o produto não for logo escoado) as laranjas e pela distribuição, sendo que também têm técnicos que monitorizam e dão auxílio aos associados. Na Cacial, por exemplo, empresa que tem cerca de 70 associados, todas as sextas-feiras reúnem-se elementos da direcção comercial, técnica e agrícola, para decidir como será tratado o produto. Esta empresa de Faro distribui cerca de 20 mil toneladas por ano.

DISCURSO DIRECTO
"O CONSUMO E OS PREÇOS ESTÃO BAIXOS", Horácio Ferreira, Vice-presidente Uniprofrutal 
CM - Quais as dificuldades nesta campanha?
Horácio Ferreira - Neste ano temos dois níveis de dificuldade: o preço e o consumo. Tem havido um consumo e preços muito baixos para aquilo que eram as expectativas da campanha e aquilo que é a rendibilidade de cada produtor.
- Como mantêm a relação com o mercado espanhol?
- Há rivalidade. Andamos a reboque dos preços de Espanha. Andamos a lutar com um hipopótamo comparado a uma formiga, que somos nós. Mas, no ano passado, fomos a reboque do preço alto espanhol e ganhámos com isso.
- Como estão a correr as exportações?
- Exportamos muito para França, Itália, países do Leste e África, mas este ano o mercado está muito frio, não há quase consumo." - Correio da Manhã

1 comentário:

  1. pois voce fala em preços de 20 centimos kilo e depois vamos ao MARL e estao a 75 centimos entao diga me que ganha com isto

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