A presença humana no sudoeste do Algarve está confirmada desde o Neolítico e, a fazer fé em algumas jazidas de superfície, pode datar do período Paleolítico. O elevado número de menires isolados, em grupos ou em cromeleques, é um dos mais importantes vestígios do passado no concelho de Vila do Bispo. Interessante, igualmente, que a sua utilização religiosa tenha prosseguido, na área do Cabo de São Vicente, até ao período da ocupação romana.
A importância religiosa do Cabo manteve-se na Idade Média com as peregrinações que se realizavam ao túmulo de São Vicente, mesmo durante o período do domínio árabe. No séc. XV, a presença em Sagres do Infante D. Henrique, o Navegador, e a gesta dos Descobrimentos dão ao concelho de Vila do Bispo um lugar de destaque na história. Identificado por alguns autores como o local da então célebre Igreja dos Corvos, mencionada por cronistas árabes, Vila do Bispo teve origem numa povoação que no início do séc. XVI foi legada ao Bispo de Silves, D. Fernando Coutinho, tendo sido elevada a vila em 1662. Sofreu grandes estragos com o terramoto de 1755. Orgulhoso do seu passado e da sua participação nos Descobrimentos, o concelho de Vila do Bispo integra-se no presente e no futuro do Algarve.
Visitar Vila do Bispo
Os moinhos que recordavam o facto de Vila do Bispo ter sido, durante séculos, o celeiro do Algarve desapareceram. Continua, porém, o encanto do casario branco, descendo em cascata do alto de uma colina encimada pela torre da igreja.
Igreja Matriz
Fachada típica da arte do séc. XVIII, com porta encimada por óculo e frontão de linhas curvas. Nave central revestida com azulejos azuis, que têm como tema os jarros e os golfinhos (1726). Tecto de masseira com caixões pintados. No retábulo de talha dourada do altar-mor (séc. XVIII), a imagem de Nossa Senhora da Conceição (início do séc. XVI), padroeira da igreja. Dois altares laterais com retábulos de talha e imagens do séc. XVIII. Sacristia com arcaz, diversas imagens do séc. XVIII e painéis representando São Pedro e São Paulo (séc. XVI). Anexo à Igreja, um Museu com interessantes peças de arte sacra, com destaque para duas Nossas Senhoras do séc. XVI.
O Bom Sabor da Cozinha
De dois lados o mar, de um lado a terra. A típica cozinha de Vila do Bispo reflecte esta dupla influência no jantar de grão, no cozido de couve, a que os enchidos dão sabor, no xarém com sardinhas, nas moiras e nos sempre deliciosos pratos de peixe: arroz de safio, dourada ou sargo no forno, caldeirada e sandes de moreia frita.
O marisco em Vila do Bispo é uma tentação. Que o diga quem já comeu os perceves e os búzios arrancados às rochas ou as suculentas lagostas que os barcos trazem ao amanhecer.
A Arte do Povo
Mãos mimosas de mulher executam as finas rendas de bilros em Vila do Bispo e Sagres, mantendo uma tradição secular desde sempre associada às localidades costeiras. Igualmente, nas povoações rurais continuam a executar-se trabalhos de palma e esparto: alcofas, ceiras, capachos, etc.
Centro Histórico
As estreitas atas que circundam a igreja têm muitas casas que falam do Algarve antigo nas paredes caiadas, nas molduras coloridas e nas cantarias trabalhadas que recortam portas e janelas, na sombra que refresca nos dias de maior calor.
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