O incêndio que começou em Tavira às 14h de quarta-feira já consumiu um terço da área total do concelho. As contas são do presidente da Câmara, Jorge Botelho, que apelou ao Governo para decretar o estado de calamidade pública.
Às 10h desta sexta-feira, o fogo tinha duas frentes activas e estava a ser combatido por mais de 700 bombeiros, apoiados por quase 200 veículos, três helicópteros e quatro aviões. Os meios foram reforçados ao início da manhã, com cerca de uma centena de bombeiros do Porto e de Leiria. Para o local deslocaram-se também três assistentes sociais e um psicólogo, para dar apoio às populações afectadas.
“O ponto de situação no concelho é drástico, porque o fogo chegou a Tavira. Um incêndio que acontece em Cachopo, com dois dias de operações com muitos meios no terreno, chegar a Tavira, independentemente das consequências, só posso dizer que foi drástico e grave”, afirmou Jorge Botelho à Lusa.
“Para termos uma ideia da calamidade são muitos proprietários, muita economia e é um concelho queimado”, constatou o autarca, sublinhando que em causa estão áreas de sobreiros, pinheiros, eucaliptos e zonas de caça. A área afectada ronda os 20 mil hectares, segundo Jorge Coelho, e as chamas começam a ameaçar o concelho vizinho.
Hoje ao início da manhã havia uma coluna de fumo a pairar sobre a vila de São Brás de Alportel e o ar estava irrespirável, conforme constatou o PÚBLICO no local. A situação é "grave e séria", disse à Lusa o presidente da Câmara de São Brás de Alportel, António Eusébio, acrescentando que as chamas estão a dois quilómetros do centro da vila.
António Eusébio disse ainda que estavam a ser retiradas do Centro de Medicina Fisica e Reabilitação do Sul, em São Brás de Alportel, cerca de uma centena de pessoas, 50 dos quais doentes. O autarca refere que as pessoas estão a ser retiradas do edifício apenas por uma questão de segurança e para respirarem melhor, porque nesta altura o “ar é muito denso, devido ao muito fumo”.
“Não temos acesso às estradas cortadas por onde o fogo está a passar. Não tenho meios para chegar à serra. Disseram-me que há várias habitações consumidas pelo fogo, mas ainda não tenho o ponto da situação. De certeza que haverão muitos animais mortos, muitas casas ardidas e automóveis, mas só mais tarde podemos confirmar”, disse António Eusébio.
O presidente da Câmara de Tavira esteve reunido durante a madrugada com o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, a quem pediu que seja decretado o estado de calamidade pública. Mas Miguel Macedo pede mais tempo para avaliar a situação.
Em declarações aos jornalistas após visitar o posto de comando móvel da Autoridade Nacional de Protecção Civil situado em Cachopo, o ministro afirmou que a declaração do estado de calamidade “ver-se-á”, porque “há legislação própria e requisitos que têm de ser cumpridos” para que possa ser decidida.
O incêndio em Tavira era ao início da manhã o que mobilizava mais meios em Portugal continental, segundo as informações disponíveis no site da Autoridade Nacional de Protecção Civil. Além deste, mantinha-se activo o incêndio na Junqueira, em Torre de Moncorvo, distrito de Bragança, que começou ontem às 17h07. Hoje às 7h48, o fogo foi dado como dominado, mas continuavam no local 80 bombeiros apoiados por 20 veículos.
Fonte: Público
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