São Bartolomeu de Messines é a terra natal do poeta/pedagogo João de Deus, autor da Cartilha Maternal, método de aprendizagem das letras utilizado no final do séc. XIX e início do XX, e para os que estão de visita, é obrigatória uma visita à sua Casa – Museu, que além do núcleo sobre a vida e obra do literato, dispõe de biblioteca, sala de leitura, ludoteca e bar, ficando situada junto à Igreja Matriz. Encaminhemo-nos depois para a referida igreja que remonta à época manuelina, embora apresente inúmeros vestígios já do séc. XVIII, como o portal e a fachada barroca. Região virada para a agricultura, mostra zambujeiras, oliveiras, alfarrobeiras, figueiras, amendoeiras e pomares, entre outros. Os pomares, particularmente, estendem-se por grandes áreas entre hortas de mimos de regadio e lembram felizes tempos de infância, quando todo o mundo cabia entre as laranjeiras e as maceeiras, os encantos das romãs, as searas, os alcatruzes das noras, os fornos, os ninhos dos pássaros, e até o lagar velho.
A Freguesia de Messines estende-se numa vasta área de mais de 250 Km2. Servida de Serra e Barrocal, tem junto a si a serra do Caldeirão e, antes ainda, o Penedo Grande como protector natural, como uma trave divina plantada que, a cavaleiro, abre em concha a Vila, como ponto de referência.
Quanto à origem do topónimo Messines, há dúvidas sobre se é romana ou árabe. A primeira referência escrita conhecida data de finais do séc. XII, no período islâmico.
Localização
A vila está situada no largo vale de terras férteis na falda sul da montanha do Penedo Grande, na Serra do Caldeirão. Situada a escasso quilómetros do IP1, um dos acessos mais importantes ao Algarve, tem boas acessibilidades aos concelhos limítrofes: A Silves e a Loulé, pela EN 124 e a Albufeira pela EN 270 via Paderne.
População
Actualmente, a freguesia tem cerca de 8.700 habitantes, sendo a mais extensa do Algarve.
Terá sido fundada no século XVI. Em 1869, viviam ali 5.310 moradores, tendo atingido o máximo de 11.715 almas em 1950.
Actividades Principais
A actividade principal da freguesia é a agricultura.
História
Se hoje sabemos que o homem do Paleolítico esteve presente na região de Silves, os menires testemunham a fixação humana local durante o Neolítico (IV-III milénios a. C.). A sua localização, num vale de terras férteis, um corredor natural de acesso ao litoral, mas também a Silves e Loulé transformou a vila não só num importante centro agrícola, como industrial e comercial, com uma intensa vida desde há séculos.
Messines é rica em achados arqueológicos. Lugares como Gregórios, Cumeada, Picalto, Benaciate, Vale Fuzeiros, Funcho ou Abrotiais, atestam presença pré-histórica importante, quer atraída pela fertilidade dos terrenos, quer pela sua riqueza em cobre.
Os Minérios (cobre e ferro) e rochas (grés e mármores brechados) são apenas duas das riquezas que a freguesia ainda apresenta. Contudo, hoje é sobretudo a produção de citrinos, a silvicultura e pastorícia, que se mostram geradoras de riqueza e desenvolvimento.
Património Cultural
Algumas das mais importantes estelas que apresentam registos em Escrita do Sudoeste Peninsular ainda hoje indecifrada, e alguns menires, saíram de Benaciate e estão hoje no Museu de Arqueologia de Silves.
Casa – Museu João de Deus - Localizada onde viveu o poeta e pedagogo, além do núcleo sobre a vida e obra, dispõe de biblioteca, sala de leitura, ludoteca e bar.
Igreja Matriz - Remonta à época manuelina, embora apresente inúmeros vestígios já do séc. XVIII, como o portal e a fachada barroca. No interior, o único conjunto quinhentista (séc. XVI) de colunas de toros torcidos presente no Algarve, singular também por serem em grés, pedra de que Messines é rica.
Ermida de S. Sebastião - Santuário protector contra pestes e maleitas erguido, talvez ainda no séc. XVI, à entrada Nascente da povoação.
Igreja Matriz |
Património Natural
Barragem do Funcho - Para aqui correm a ribeira e afluentes do rio Arade por entre a paisagem dominante da serra, com os cabeços redondos cobertos de sobreiros, medronheiros, azinheiras, esteva e urze.
Quinta do Penedo - Perto de Vale Fuzeiros, com a sua selvagem riqueza paisagística, faunística e florística, permite a prática de equitação e o aluguer de canoas para um passeio até aos espelhos de água refrescantes das barragens do Funcho ou do Arade.
Barrocal - Zona entre a serra e o litoral, estende-se para Sul de São Bartolomeu de Messines, com a sua terra vermelha e fértil, onde pode apreciar o colorido dos laranjais e romanceiras ou dos pomares de sequeiro de amendoeiras, figueiras e alfarrobeiras.
Barragem do Funcho |
Tradições
A Ermida de Nossa Sr.ª da Saúde, um templo do séc. XVIII, é local de romarias, em busca de alívio para doenças. Situado num ponto alto sobranceiro ao vale e à vila. Diz a lenda ter sido o lugar previsto para a construção da primitiva matriz, não fosse o santo, ter manifestado a sua preferência a favor do lugar onde hoje está.
Produtos Locais
Nas lojas de artesanato da vila há trabalhos de couro, cerâmica, tecelagem manual, ferro e latão, tábua e trapos, caldeireiro, cestaria de cana e albardeiro.
Nos montes serranos encontra trabalhos de cortiça e madeira na Nora, rendas de bilros na Aldeia Ruiva, cestaria na Norinha, trabalhos de palma em Mouração e Vale Fuzeiros e um cadeireiro em Pedreiras.
Quanto aos produtos agroalimentares além do mel com sabor a alecrim, rosmaninho ou laranjeira, encontra aguardente de medronho, os licores de ervas e frutas e a variada doçaria local, nomeadamente os famosos folhados de Messines.
Na zona serrana, há fabricantes de mel na Aldeia Ruiva, Amorosa, Foz do Ribeiro, Ribeiro Meirinho e Vale Barriga.
A doçaria regional também está presente nos montes de Benaciate, Cumeada, Furadouro, Monte de São José, Nora, Pico Alto e Vale Figueira.
A aguardente de medronho é destilada em todos os “montes” da freguesia, no Azinhalinho, Conqueiros, Fonte João Luís, Foz do Ribeiro, Messines de Baixo, Monte da Zorra, Perna Seca, Rega, Vale Beja, Vale Fontes de Baixo e de Cima, Vale de Mós e Zebro de Cima.
Gastronomia
Os folhados de Messines são de comer e chorar por mais, uma receita de que as doceiras guardam ciosamente o segredo. Aproveite-se então a frescura das hortas das terras férteis de Messines para preparar este tradicional cozido de grão.
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