terça-feira, 2 de agosto de 2011

Portimão: Sardinhas e cavalas elevadas à categoria gourmet

"O Museu de Portimão abriu as portas à gastronomia, com a etiqueta do Allgarve Gourmet, dando a conhecer pratos confeccionados especialmente para este evento que decorre até sábado. A iniciativa sofreu uma redução de quatro dias. As razões não se prendem com a falta de público, mas com o corte no orçamento para um programa que pretende "marcar" a animação de uma região, cada vez mais virada o turista nacional.

Os pratos de chefs conceituados voltaram à mesa do programa Allgarve

A sardinha e a cavala, peixes considerados menos nobres - mas de muito valor proteico - surgem neste evento em pratos agradáveis à vista e ao estômago. O chef Bertilio Gomes, responsável pela área gourmet do programa Allgarve, mostra-se satisfeito com a experiência e os resultados alcançados: "Temos mais público do que o ano passado". As filas para aceder à comida e à bebida, no dia inaugural, exigiam algum tempo de espera, mas em ambiente informal a demora até servia de pretexto para falar de férias e do que se vai passando pelas terras do sul. Não é só a degustação que desperta os sentidos, a localização à beira-rio também é convidativa.

O director do museu, José Gameiro, pretende apanhar a boleia do evento e procura alguém que pretenda vir a explorar o espaço, integrado no museu, para que a história da indústria conserveira possa traduzir-se numa nova forma de atrair visitantes. "A câmara vai lançar um concurso público para a exploração deste espaço, mas gostaríamos que seguisse esta linha [gourmet]".

Mais visitantes
Nas redondezas não faltam restaurantes de peixe, mas o objectivo do museu é o de apresentar uma proposta gastronómica alternativa. Ali perto, na ria Alvor, Rui Ferreira produz toneladas de ostras que exporta para França, directamente para a mesa de restaurantes afamados de Paris. Os espanhóis vêm comprar berbigão, para apresentarem as "tapas" com que os portugueses se deliciam em Ayamonte.

Os vinhos do Algarve, branco, tinto e rosé, durante largos anos estiveram afastados dos circuitos comerciais, mas regressaram e não mudou a apenas o design da garrafa. Os especialistas recordam-nos pela qualidade, os ingleses já não lhes chamam "bebedeiras engarrafadas". Marcam presença e fazem figura, caminhando lado a lado com os pratos, confeccionados ao vivo em interactividade com os clientes, pelos chefs Vítor Matos, do Hotel Casa da Calçada, Amarante; Nuno Diniz, do Hotel York House, Lisboa; Henrique Mouro, do restaurante Assinatura, Lisboa. Quatro degustações, mais duas bebidas, custam 15 euros; duas degustações com uma bebida, dez euros. O vinho a copo é vendido a um euro e meio.

O presidente do Turismo do Algarve, António Pina, confidenciou que "não esperava tanta gente, muito mais do que o ano passado". Os lugares sentados são apenas 80, mas a clientela vai rodando entre as 19h e as 24h. Assim, não dá para ficar a "fazer sala" porque há sempre alguém a pressionar com o olhar.

O dirigente regional do turismo entende que este é um evento que já se "afirmou e prestigia a região", mas nada quer adiantar quanto ao futuro: "Não sei o que novo Governo pensa sobre a continuação do programa Allgarve". Este conjunto de eventos, criados há cinco anos, tem vindo a sofrer grandes cortes orçamentais, principalmente a partir das duas últimas edições, altura em que o programa passou a ser gerido a partir da região e os municípios reduziram a comparticipação.

Allgarve em avaliação
O Allgarve foi criado como um programa cultural e artístico para preencher os dias de lazer, além do sol e da praia. A gastronomia foi uma das áreas com maior acolhimento junto da população, turistas e residentes. O Museu de Portimão - distinguido pelo Conselho da Europa, em 2010, com o galardão de "melhor museu" -, retrata a queda de uma comunidade piscatória ligada à indústria conserveira. Na abertura do Allgarve Gourmet, José Gameiro, durante a mesa-redonda "Portugal, o melhor peixe do mundo", destacou a importância das conservas ao longo da História. "Durante a Segunda Guerra Mundial foi um alimento de guerra, actualmente é um produto gourmet". O chef Fernando Fonseca, do grupo Real Santa Eulália, confirmou a qualidade do pescado português: "Quando chega cá um chef francês, de Marselha - onde há bons salmonetes - e diz que os nossos salmonetes são os melhores, somos levados a acreditar que é mesmo verdade"." - Público

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